domingo, 1 de dezembro de 2013


                            No Preto e no Branco

         Esse espaço vai além de um informativo jornalístico, até porque essa é a última intenção. Na verdade ele contribui para minha expressão artística, como artista visual que sou. Apelo visual que adotei, desde o tempo (1986) em que  o Acclamatur era impresso, com as capas que eu sempre desenhei, e lançado numa época em que as capas dos zines sempre vinham com fotos de bandas.
     Visual no próprio jogo de palavras dos textos que sempre tiveram o objetivo de transmitir as imagens que a música nos passa. Uma brincadeira com imagens e jogos de palavras como sempre adotei, por exemplo, ao contar histórias das bandas na coluna "Contos Mórbidos". Quem é doido o bastante,  numa época de apelo visual vomitados pelas TVs e internets, de fazer um blog radicalmente  preto e branco? É a questão estética de entrar no clima dos zines em xerox da década de 80.
     
     Ás vésperas de mais uma atualização do blog me enchi de orgulho ao comprar a Road Crew e encontrar nada mais nada menos que 22 resenhas de bandas brasileiras num espaço que continha 39 resenhas. Ou seja, mais da metade das críticas eram de lançamentos de artistas nacionais. Isso carimba ainda mais a razão de manter a chama viva, de entender  que o que nos une por todos esses anos é uma coisa muito simples: paixão pelo que se faz. Não é amizade colorida, é luta em preto e branco. 

                                                                            G. Burkhardt







MORTERIX – THE ROOTS OF IGNORANCE -RS
              
           Puta que pariu! Caralho! Porra! Vá se fuder! Cacete!
               Não tem outro jeito de começar essa resenha sobre o gaúcho Morterix . Power, Power Trio mesmo!    I Will Kill, um Punkão de 1ª grandeza. E ainda corri para olhar se ainda era a primeira música. Não era! porque outro detalhe dessa pisa sonora, é que quase não tem intervalos entre as musicas. São dez socos no estomago e uma pernada final com uma música surpresa do RDP, no final do cd e que não está nos créditos. Os temas variam de colonização e destruição cultural como em Caravels of Diseases, temas do “mal” como Burning The Churches e pura podreira com em Alcoholic Ritual.
               Daqueles que tocam um Thrash com sangue nos olhos como tem que ser: irado, com pitadas salgadas de punk /hardcore. Mesmo depois da pancadaria inicial, com direito a grito Slayerdiano, sou surpreendido por um baixão pesadíssimo no inicio de Caravels of Diseases.
               Pois é, os caras tavam a fim de briga mesmo e você termina o disco com aquela sensação de ter sido espancado sem dó nem piedade e com raiva de não poder fazer uma roda sozinho na sala da sua casa.
               Rodrigo Ramos- Guitarra e vocal irado, Lucas Jacomelli – baixão pesadíssimo e Fabricio Gill – Bateria cruelmente massacrada.
              Na capa um desenho simples de Michel Munhoz, mas que consegue paralelo perfeito com a proposta primitivista e agressiva da banda.
              Um presente não só para o Brasil, mas para o mundo da Cianeto records e vários parceiros que evitaram o risco desse foguete só ter sido lançado virtualmente.
               Puta que pariu! Caralho! Porra! Vá se fuder! Cacete!


                                                                   G.Burkhardt


DESDOMINUS – Devasting Millenary Lies - SP
              
          Quando, no fatídico m.o.a., conheci  Ney Paulino, o baterista da banda e recebi dele o cd promo do Desdominus, sabia que tava diante de um grande lançamento dessa banda de Americana. Naquele material estava  Devastation Millenary Lies, Def(aith)eat e Behind The Dogma’S Mask. De imediato  fui transportado  para um mundo de forças guerreiras e pagans, graças à música que esses caras com maestria conseguiram criar e deixar com uma gravação e produção perfeitas.
             Porque não adianta ser sujo, ser Black na intenção de ser foda e bater de frente com coisas que independem de técnica: conhecimento, naturalidade e criatividade na hora de compor.
              Pois bem, o “disquinho” finalmente chegou até nós e o que eu já sabia se concretizou, como um dos melhores lançamentos do ano. Além das 03 faixas da promo, temos uma belíssima introdução acústica, A Sleep (Preludium), seguida por uma avalanche cantada na nossa língua, A queda dos Ídolos, outra com introdução de violão descambando pra porrada Dethroning The Inferior Ones, Autolatry, No Retribution, Religion: The Chains Of EmptyMins e o final Awake (Postludium) com uma narração em português, (um hábito da banda desde o trabalho anterior Without Domain), mas que é meio melosa e parece deslocada no trabalho. Talvez com um vocal gutural no estilo do Uaral do Chile se encaixasse melhor.
Sem sombra de dúvida uma banda que conquistou a minha admiração pela fúria, complexidade e beleza que cria suas música. Grande vocal de Paolo Bruno (também guitarrista), William Gonsalves na outra guita, Rafael de Farias, aumentando o peso com o baixo e a bateria brutal de Ney Paulino (um monstro).

                                                                G.Burkhardt


INFESTATIO –EP -INFESTATIO- SP

               Descobri o Infestatio na coletânea BRazilain Xtreme Way MMXIII, e logo gostei daquela proposta de porradaria Thrash sem muita invencionice, mas carregada de muita garra. Entrei em contato com a banda e logo os caras me enviaram esse puta EP que confirmou minhas expectativas de um trabalho tenso e violento vindo de Jundiaí. O disco tem 05 faixas, A primeira, Shadows Less, é a que conheci na coletânea e tem um refrão muito bom e com certeza essa música já deve ser hino nos shows. A segunda, F.Y.A., começa num pique muito porrada e depois desacelera um pouco. Em se tratando de produção (o cd foi produzido por Rafão, guitarrista da banda) ela poderia ter sido colocada no meio do disco e a quarta War Is The Answer, deveria ser a segunda e se encarregaria de manter ainda mais o ouvinte preso ao cd, porque depois dessa seqüência ficaria impossível  não querer ouvir o disco inteiro. The Shark e Bleed The Lies completam o foguete que esses Thrashers tiveram a boa idéia de apontar pra nossas cabeças. Thrash Metal na veia!
                                                                        
                                                                     G.Burkhardt



WITCHING ALTAR – VOL 01 – GOAT – promo cd – PE
          

           A cabeça por trás do Witching Altar é a mesma por trás do Best Conjurator (resenhada em Setembro). Thiago Santyr (The Dwnwich Horror na encarnação Death e aqui como T. Witchlover). Mas a similaridade entre as duas bandas é apenas o fato de terem os dois pés fincados no passado. A última soando bem na linha dos primórdios do Death Metal, como Possessed, Celtic Frost e a Witching Altar soando como as grandes bandas Doom como Saint Vitus, Pentagram e o avô, pai, filho e espírito santo: Black Sabbath.
                  Só dá vontade de colocar o seu casaco de franjinha, levantar os dedos em V ou \m/ e sair por aí empesteado de maconha. O som é ao mesmo tempo negro e ao mesmo tempo belo.
                  Esse promo prenuncia  um grande lançamento no cenário Doom brasileiro. A banda já está com quase todo o full-leght gravado e provavelmente estaremos recebendo essa entidade do passado em 2014. 
                  O trabalho contém 03 músicas, as duas primeiras de autoria de T. Witchlover, baixo-vocal e Peter Vitus, Guitars (os membros fixos da banda) e um cover foda de Retentless do Petagram. Participação nas baterias de André Lira e Ricardo Necrogod e Ed Staudinger nos teclados setentões. 
                  A obra esta sendo relançada e fiquem atentos, porque esse é um item de colecionador, até porque a parte gráfica está muito bem feita e que aqui fique registrada a atitude da banda de colocar todas as informações de datas e lugares onde ocorreram as gravações , pois uma coisa que as bandas estão esquecendo é que o material gráfico também deve constar datas e servir de referência  e orientação de futuros ouvintes com espírito e preocupação com a história do Metal.
                 Vamos sacrificar nossos ouvidos nesse Altar de verdadeira arte!
             
                                                                     G. Burkhardt



HORROR CHAMBER – THE DEVIL HAS NO FACE – RS
                 

               A ignorância impera lá pelos pampa, são toneladas e toneladas de bandas à despencarem em nossas cabeças. O Horror Chamber faz daqueles Death Metals que particurlamente eu gosto; muita maldade, as vezes ultra veloz, mas na maioria das vezes trazendo a lentidão de um gigantesco animal para aprimorar a sensação de peso à suas composições.   
               O ep foi gravado em 2008 e lançado pela Cianeto discos. Na prensagem ouve um erro na sequencia que consta no encarte. Clown Killer, Sleep Hollow, Sin Eater e Work Slave é a sequência do áudio.Por isso não estranhem quando na 2ª faixa(que deveria ser a última), um minuto após terminar Sleep Hollow entra um bônus surpresa do Iron Maiden. Mas essa alteração na sequencia em nada tira um mérito de ser um grande lançamento de Death Metal. 
                    Gravação exelente (estúdio Hurricane- Porto Alegre).Timbragem que aprimora ainda mais o peso e a tensão contida no som da banda.
                                                                      
                                                                       G. Burkhardt


PANDEMMY – REFLECTIONS & REBELLIONS - PE


                 Acho que com o passar do tempo esse lançamento de 2013 da Pandemmy, será visto como um dos mais importantes da cena brasileira. Com o tempo, porque não é aquele som reto e direto, de rápido entendimento. Mas não é  ultra –trabalhado beirando ao massante, apenas é tão rico em detalhes, que com o passar dos dias vamos descobrindo coisas e arranjos que  o deixa perto de obras como o último do Kreator.
                 Ou seja: um thrash Metal riquíssimo em detalhes, super bem executado, que hora beira pra porradaria e outras para virtuosismo sem afetação, onde a raça fala mais forte. É realmente impressionante o bom gosto e os  momentos inspiradissímos que a banda estava ao compor e arranjar esse trabalho.O cuidado vem desde a gravação (gravado aqui mesmo em Pernambuco e mixado em São Paulo) até a parte gráfica, feita por Alcides Burn  em parceria com Emerson Maia.
                    O disco já abre com Farewell, uma introdução belíssima, uma pequena instrumental com Cello e teclados de Fabiano Penna (que também é o produtor e engenheiro de som), descambando pra a violenta Mind Effigies que tem solos soberbos de guitarras,  algo comum em todo o disco, por “culpa” de Pedro E Diogo, trazendo, digamos assim, o lado “erudito” da banda. Sem sombra de dúvida que a próxima, Self Destruction, tem o refrão mais pegajoso e do caralho do cd onde o vocal de Rafael Gorga se apresenta fortissímo sem ser só aquela gritaria ou síndrome de Schimier.  Common is a Different Than  Normal é mais lenta e tem um solo de baixo de Augusto Ferrer de arregaçar lágrimas. Idiocracy tem tudo que um Thrash violento precisa e umas metralhadas que devem ficar fudidas ao vivo. Whitout Opnium é lenta e melodicamente foda, com mais um solo memorável . São vários momentos que parecem escondidos e de repente aparecem durante toda a audição desse disco. Herectic Life e Involution Of A Lost Society são rápidas e proporcionam momentos de boas váriaçõe rítmicas por parte da batera de Ricardo Lima. The Price Of Dignity é mais cadenciada  e Rubicon (Point Of Know Return) é aquele convite para nos matarmos na roda. E terminando,  Ode To Renagast tem cheiro de cerveja, de punhos ao ar e Metal, que Metal é nossa vida e isso a Pandemmy soube bem expressar introduzindo sutilmente as várias vertentes desse estilo único, sem cair na armadilha de virar uma sopa de letrinhas ,um samba de crioulo doido ou um álbum sem personalidade, porque o que temos aqui é Pandemmy e Pandemmy é Thrash Metal. Hail !

                                                                      G. Burkhardt




VELHO – VIDA LONGA AO PRIMITIVO  E SENHOR DE TUDO – RJ


                 O que chamou a atenção para o Black Metal do Velho? Tosqueira incidental por ter sido feita pela genealidade e naturalidade de mentes que sentem o que pregam. Letras ricas, sujas, doentias e liricamente bem encaixadas. O lançamento da Cianeto Discos reuniu “Vida Longa ao Primitivo” lançado em 2009 e “Senhor de Tudo” de 2013. O encarte reúne as duas capas e todas as letras que falam de desesperança, isolamento e caos  , que como já foi comentado, é parte fundamental para que respeitemos o Velho.
               A banda no primeiro registro era formada por Thiago Caronte(Vocal e Guitarra),Thiago Splatter(Bateria),  Valeria Tenebra (guitarra) e Rafael Chaos(baixo). No segundo registro está como um trio, depois da saída de Valéria.  O som é aquele Raw Black Metal, instigante, sujo e primitivo. Porque a energia do Velho é essencialmente primitiva, cavernosa. Mexendo nos sentimentos mais básicos instalados no nosso ser.
               Embora o Velho cante “Eu vivo procurando nos vestígios do passado, por certos tesouros que não podem ser herdados”, eu creio que eles acharam e herdaram do passado esse poder real através da obscuridade da sua musica que literalmente nos possui, quando deveria ser o reverso pelo incomôdo que as suas mensagens e a sua melodia normalmente causaria ao ser humano. Mas o Metal, graças aos deuses , não nos faz humanos.
                    
                                                                    G. Burkhardt



DESTINY OLD DIE- ...LONG TEARS – DEMO – PE

    
               Doom Metal como vários outros estilos, requer uma certa dose de “tranqüilidade” e pouca urgência para sacar os detalhes de cada som.      
             O Destiny Old Die é uma novíssima banda de Recife, que já mostrou que tem muito a produzir em termos de obra. Lançou esse trabalho com uma intro e mais cinco canções dos mais puro sofrimento e beleza melodiosa que esse estilo requer. 
Antes de uma análise das composições, constatei que a produção deixou o som muito seco, até meio morto e com isso a bateria e principalmente o baixo de Cleyson Mathias passam quase despercebido, quando deveria ser o contrário pra esse tipo de som. Mas a criatividade e a qualidade da banda supera tudo isso e esse é um trabalho recomendadissímo. O vocal de Fabio Farias fica entre o gutural e às vezes rasgado sem nem de perto cair para o limpo. Suffering In Silence é lenta e melodiosa para no meio entrar um riff fudidissimo com uma camada de teclados ao fundo, por Ricardo Silva, para aumentar o clima angustiante do som, caminhando para um lamentoso solo da guitarra de Jhon Francis. Sour Sarcasm é mais “rápida’ dentro dos padrões do estilo. Arduous Equilibrium e Silent Innocent (Of The Death) mantêm o nível alto de composição, principalmente na pegada insistente da última citada. 
                      Agora, porque o disco se chama... Long Tears? Simplesmente a banda sacou que a “musiquinha’ que fecha o álbum,  apenas com os teclados de Ricardo, inicia meio despretensiosa, mas depois começa a ficar carregada de um bom gosto técnico e de arranjo arrepiante, que consegue sem sombra de dúvidas carregar nossos corações e almas de uma paz melancólica como só o Doom Metal consegue fazer. E aí o disco termina com uma sensação estranha de morte eterna. Mais uma vez: recomendissimo !

                                                  
                                                               G. Burkhardt



Nessa seção é apresentado e discutido elementos estéticos musicais ou de conteúdo que se aproxima da filosofia de liberdade e anarquia que esse espaço as vezes contém. Portanto os vídeos aqui inseridos não seguem propriamente uma lógica cronológica de lançamento, nem obrigatoriamente estará preso somente a questões musicais. e mesmo que nos seus originais as imagens foram confeccionadas com cor, aqui recorreremos ao preto e branco que são as cores do mundo do Acclamatur.


WARCURSED - RENEGADES FROM HELL


O vídeo oficial da banda Warcursed, "Renegades From Hell", presente no  novo disco, "The Last March" que será lançado em breve. A produção é do diretor Helton Paulino, juntamente com o diretor de fotografia Jhésus Tribuzi. Apesar de cair nas já sacadas imagens de banda tocando em lugares abandonados, os personagens que permeiam o vídeo, são bem sacados e a música muito fudida  é a razão maior desse vídeo existir. Portanto nos deixa ainda mais ansiosos à espera do novo disco. Aproveitem e deixem rolando para ler a entrevista com a banda logo abaixo.


                           http://www.youtube.com/watch?v=HoqCQdnCfX4&feature=youtu.be


GENOCÍDIO - KILL BRAZIL


Mais um clipe para nos preparar para um lançamento de uma de uma banda que nunca decepciona. O novo disco, In Love in Hatred, já está pronto e será lançado esse mês. Imagens nervosas num clima politizado, um pouco diferente das temáticas mais antigas, antes do ábum The Clan, que a banda abordava. Mas  para o momento do país esse é um tema muito apropriado, muito mais assombrado e obscuro que certas letras Death. aproveitem também a trilha sonora para ler a coluna "Contos Mórbidos" que fala sobre o Genocídio.


                              http://www.youtube.com/watch?v=wV6VaQmLxik&feature=youtu.be





                            No meio metálico do nordeste, assim como em todas as regiões do Brasil, quase que diariamente surgem bandas de diversos estilos. Muitas passam meteoricamente e somem sem deixar rastro, outras parecem conter uma fórmula de permanência, que atravessam o tempo e se estabelecem de forma coesa e forte num cenário tão difícil de se firmar. A Warcursed é uma banda que vem galgando cada vez mais espaço na mídia metálica. A banda está preste a lançar seu segundo trabalho e por isso achamos fundamental essa conversa para entendermos o que diferencia uma banda “bem” sucedida de outras.




Vi um show de vocês em Juazeiro da Bahia, ainda com o nome de POST MORTEM, com outra formação. O que mudou de lá pra cá, tanto de formação como musicalmente para o Warcursed ?

WARCURSED: Com o passar dos anos tivemos várias experiência em palco, participando de grandes e pequenos festivais, tocando com grandes nomes do metal do Nordeste e do Brasil, e tudo isso ajudou bastante a evolução e amadurecimento dos integrantes, e as composições se beneficiaram bastante disso. Sobre os integrantes, tivemos apenas a entrada de Eduardo Victor nas guitarras, com a saída de Alan Cruz. Os demais são os mesmo desde aquela época. Inclusive, o show em Juazeiro nos marcou como sendo a primeira vez que tocamos longe de casa, vivenciando realmente o que é estar na estrada e tocar para outro público.

Muitas bandas pecam e perdem muitas oportunidades por desorganização, o que me parece não ser o caso de vocês. Existe uma pessoa específica que cuida dessa parte ou tudo é feito pela banda?

WARCURSED: Nós temos uma grande ajuda da nossa Assessoria de Imprensa, a MS METAL PRESS. Eles sem dúvida já nos ajudaram e renderam bons contatos, maior visibilidade, entre outras coisas. Mas quem corre atrás de tudo, buscando as melhores oportunidades, shows, festivais, contatos, parcerias, etc, somos nós mesmos.

Também percebemos que, mesmo sendo do interior do Nordeste, o Warcursed foi uma banda que fez muitos shows em 2012 e 2013. Além da qualidade do CD  “ESCAPE FROM NIGHTMARE” que mais fatores contribuíram para isso ?

WARCURSED: Acreditamos que sempre foi a nossa dedicação à banda, pois sempre corremos atrás, nos preocupamos em ter qualidade técnica e tentamos levar isso para todos os headbangers que nos acompanham. Não tratamos a banda como hobby. Sempre tentamos fazer as coisas de forma profissional e também de forma que o público, ao ver nosso show, bata cabeça, bote pra fuder e queira ver nosso show novamente. É muito gratificante ver o reconhecimento do público headbanger.
 
Noto que alguns produtores de shows estão ficando meio acomodados e colocando as bandas em espaços ridículos, usando a filosofia underground como desculpa. Com tanta experiência de palco, o que vocês acham que poderia melhorar com relação a isso?

WARCURSED: É um pouco complicado tomar um lado neste assunto, pois muitas vezes não é o fato do produtor querer fazer o show de qualquer jeito, mas sim o fato de realmente não ter melhores condições para realizar o evento. Muitas vezes nestes casos prevalece mesmo a vontade de fazer acontecer a cena do metal na cidade, e quando percebemos isso achamos muito foda. Por outro lado, também vimos que outros produtores fazem isso porque querem mesmo, usando realmente esta desculpa do Underground. O ruim desta situação é em relação ao público, pois eles pagaram a entrada, que às vezes é muito alta em relação ao que se tem no evento, e esperam ver um show foda. Porém quando há esta desorganização, não dá para fazermos mágica com os equipamentos de som que nos disponibilizam para tocarmos. Neste caso, o que realmente ajudaria é apenas um pouco de pés no chão e organização. Muitas vezes, a experiência de produzir shows faz com que essas dificuldades sejam superadas. Outras vezes, não existe condição de o evento se pagar mesmo porque o público é pequeno ou não existem meios de conseguir equipamentos melhores. De qualquer forma, tentamos sempre fazer o melhor com o que nos é disponibilizado.

 E o recente show no Agreste in Rock 2013 junto com o Sepultura e RDP, vocês se sentiram respeitados em termos de produção, rolou brodagem com as bandas consagradas?

WARCURSED: O evento Agreste in Rock 2013 foi bastante organizado, na maioria das vezes. Uma grande equipe ficou responsável por fazer o evento acontecer, e quem estava lá assistindo ou tocando não se decepcionou. No evento houve alguns contratempos e imprevistos que não vem ao caso, mas no geral fomos bem recebidos pela produção do Agreste in Rock 2013 e principalmente pelas bandas brothers (Psych Acid, Kriver, Suprema, Sepultura), que mostraram humildade suficiente para conversar, tomar uma cerveja, trocar material e tirar algumas fotos. Conhecer bandas e pessoas que fazem parte do nosso meio e estão com a mesma vontade de viajar e tocar é sempre muito bom. Essa troca de experiências é muito foda.

Como está o projeto de relançamento do “ESCAPE FROM NIGHTMARE” e o que virá de especial nesse relançamento?

WARCURSED: Ele está vindo praticamente em paralelo com a pré e a gravação do novo Cd. Agora que terminamos a gravação do “The Last March” vamos finalizar o que ficou faltando. O que vai vir de especial nele vai ser uma surpresa para os Headbangers mesmo, somente saberão quando lançarmos.

E o material “Gates of War” gravado na época da  POST MORTEM, vocês não pretendem lançar?

WARCURSED: Não. Esse trabalho serviu apenas para o amadurecimento da banda e que consequentemente resultou no CD “Escape From Nightmare”, o qual ainda está nos rendendo bons resultados. Na época da Demo "Gates of War", a banda ainda era iniciante, estávamos mesmo aprendendo e evoluindo, moldando o que viria a ser a Warcursed hoje em dia. No entanto, em termos de gravação, esse material deixou muito a desejar e não seria interessante lançá-lo.

Como estão os preparativos para o novo disco e qual a previsão de lançamento?

WARCURSED: O novo disco já foi gravado e encontra-se nesse momento em fase de mixagem. Queremos lançá-lo ainda em 2013, em meados de Outubro/Novembro. Estamos muito satisfeitos com o resultado já apresentado e esperamos que todos gostem desse novo trabalho. Esse registro traz uma sonoridade ainda mais pesada e mais agressiva em relação ao disco anterior. Possui várias partes mais intrincadas e mais trabalhadas, e tem sido muito foda ver a reação do público ao ouvir essas músicas nos shows.

 Vocês estão gravando um videoclipe. Falem um pouco sobre a produção, qual a música e previsão de lançamento e a espectativa desse produto?

WARCURSED: O clipe já foi gravado e muitos fãs, amigos e parentes estão cobrando esse clipe. Estamos super ansiosos para lançar, mas o clipe está na fase de pós produção e deve ser lançado em meados de Outubro/Novembro juntamente com o novo CD. O nome da música é "Renegades From Hell", presente no nosso novo disco, "The Last March". A produção é do diretor Helton Paulino, juntamente com o diretor de fotografia Jhésus Tribuzi. Toda a produção e gravação foi feita por pessoas próximas, amigos mesmo, que trabalham de forma muito profissional com vídeo e imagem. Gravar esse clipe foi uma experiência única, pois nunca havíamos feito algo parecido. Uma abordagem diferente em cima de nossa música, que promete ser muito interessante! Estamos ansiosos para ver também o resultado final!

Se quiserem deixar alguma mensagem, fiquem à vontade e obrigado por contribuírem para o crescimento com tanta qualidade!
 
WARCURSED: Primeiramente, queremos agradecer esse espaço e ficamos muito contentes em poder participar dessa entrevista com o Acclamatur Zine, que vem sempre divulgando nosso material e nos ajudando.
Os Curseds certamente vão achar do caralho esse novo material, aguardem as novidades que estão vindo por aí!
STAY CURSED!


Valeu Warcursed e esperamos ter o prazer de resenhar o novo trabalho !














São Paulo, 1987, no final de uma  década devastada pelas grandes bandas que revigoraram o heavy Metal,  surgiu um organismo multifacetado e com uma necessidade quase doentia de sugar a energia do que é novo e remodelar-se a cada momento para  fazer surgir uma nova incorporação. 


O som feito por W. Perna (Guitarra), Marcão (Baixo e Vocal) e  Zé Galinha (bateria) não poderia ser algo mortalmente único, só poderia ser um Metal Morte em grande escala, um verdadeiro genocídio.  Um ano depois, esmagando  ossos já com Juma na bateria, despejaram a obra em forma de EP sob o mesmo título: Genocídio. E a grande morte estava plantada. 

          Entrando na nova década, que já dava sinais de depressão e confusão artistica, em pleno 1990, o segundo golpe foi dado  com uma obra completa para arregimentar uma horda de genocidas. Depression definiu o grau de violência e atitude que a banda queria passar. Mas como todo organismo que vive em eterna violência, a mudança de alguns indidviduos é natural. Murilo toma conta da guitarra e arremeçam em 1993 o primeiro sinal de que a banda sempre carregaria uma aura enigmática ao se aprofundar em temas esotéricos e ufológicos, gravando Hoctaedrom, um marco no Death brasileiro e um disco que lançou de vez o nome do genocídio , não só para o Brasil, mas também em direção ao  velho continente. Mesmo com a coisa em ascenção, um ano depois, mais uma mudança na banda, Marcão sai e é substituido por Daniel e Murilo assume os vocais. 
 
          1996 seria um ano marcante para a banda, lançam Posthumos, reafirmando respeito como uma banda extrema, mas disposta a experimentalismos, ao colocar o violinista Flávio Venturini em uma das faixas , "Goodbye Kisses” e a cantora lírica Irene Sailte. Mostrando sua preocupação com a inovação, numa época em que poucas bandas se arriscavam com inserções musicais fora dos círculos violentos do Metal extremo. Mas foi nesse mesmo ano que o Genocidio implodiu e se desfez. Mas  W. Perna resolveu reativar a banda e chama Marcão para assumir os urros novamente, Gustavo para a segunda guitarra e Marcelo para os tambores. E com essa formação póstuma segue em turnê raivosamente e se aprofundando mais ainda nos desconhecidos mistérios da existência humana. No clima apocalitico de 1999, com os arautos anunciando mais um fim do mundo, escancaram o próximo grito: One Then We... Nas letras, agora sob responsabilidade de Perna,  flertam ainda mais com o gótico, aliens estão presentes nos textos quase gnósticos e elementos obscuros povoam ainda mais o mundo agora bem mais Doom do Genocídio
                 

            E na década seguinte a banda, novamente como  um trio, com Alex na bateria, sente a necessidade da energia rebelde da fúria falar mais forte e lança em 2001, Rebbellion,  trazendo mais velocidade e peso à banda. Quase uma volta aos primórdios primitivos de um genocídio impensado, onde a capa mantinha a tématica conspiratória da nossa ignorância quanto a verdadeira origem. Um grito do verdadeiro ato de rebelião: repensar nossa história.

              Depois de um hiato de 5 anos, W.Perna,depois de um acidente que o fez perder parte do polegar direito, assume o baixo, Murilo volta para os vocais e guitarra, Dennis D. na outra guitarra e Fabio M. na batera. Para esquentar as hordas lançam virtualmente um ep, Hiatus e em 2007 sai Probations Live, um DVD para provar a intensidade da banda ao vivo.
        
         A experiência de tantas turnês trouxe um verdadeiro sentimento de clan e nada mais natural que o próximo trabalho falasse da relação humana, de grupos, a obra foi nomeada The Clan. O ano era 2010, mais um avanço de década, mais um álbum com proposta agressiva com incursões inovadoras nas suas composições. A maturidade do Genocídio chegou a seu ápice. Muita rispidez alinhada com muita precisão e técnica.

 Em 2013, lança um vídeo oficial antevendo o próximo disco, In Love Whith Hatred. Um verdadeiro massacre, asssassinato em massa de um clã que sempre se rebelou contra um  sentimento de depressão mesmo achando que nossos mitos não são um de nós, mas um "deles". 
Um clã  que já deixou seu legado póstumo, mas continua fazendo sua música de forma apaixonada mesmo que com muita raiva.

                                                  G. Burkhardt



  
             

ACCLAMATUR é : Guga Burkhardt & Nina Burkhardt
Diagramação e Ilustração das capas, colunas Videre, União e Contos Mórbidos: Guga Burkhardt
Agradecemos à todas as pessoas que estão conosco todos esses anos, não é preciso citar nomes, elas presentem quem são.
Bandas nos procurem!!!!!!
 
                                           www.facebook/acclamatur
                                            acclamatur@gmail.com
                       
            

     


                                                                           G. Burkhrdt