A última vez que estive aqui foi em abril de 2017. Porque o hiato? Preguiça mesmo. Falta de tesão pelo zine virtual. Ocupações outras, dedicação a minhas artes visuais. Enfim... Mas não importa!!!! Estamos de volta, com a fúria que nos é peculiar e carregado de bandas brasileiras fodas e também com bandas da America do Sul em geral. Nesse caso, Chile e Argentina, afinal somos 3º mundo. O cu do mundo, os ratos de laboratório, as marionetes das grandes corporações, os robozinhos teleguiados da pior escoria politica que pode existir. mas tamos aqui e se somos baratas, vamos ao menos aperrear o juizo fazendo aqueles barulhinhos de pernas que se esgueiram por trás de armários envelhecidos, mas cheio de vida subterrânea. Bem-vindos, de novo!!!
ARMA – ROCK ‘N’ ROLL MURDERERS
O Arma atualmente se não é o maior nome do
Punk/Metal no Brasil é o que
melhor representa, com
aquele som básico, com cheiro de cadaver lemmyniano e muita sujeira em
poucos acordes. Tudo capitaneado pelo inquieto NTS Oldskull, que também está a
frente de mais duas bandas: Túmulo e Primitive. Arma é uma banda de um homem
só, apenas dividindo as letras com Joe Hammerfrost, mas isso em nada a deixa
com cara de projeto, até mesmo porque tem tocado bastante ao vivo. Tem pegada e
cheiro de banda, sem dúvida, pois ao ouvir o cd logo nos remetemos aos shows de
forma imediata como na faixa título que abre o trampo. A terceira faixa Donos
da Verdade, merece atenção, uma faixa em
português com uma letra ácida sobre a dita “cena” apinhada de xerifes e juizes.
Emenda com uma emocionante homenagem a Lemmy Kilmister, Whiskey With Lemmy, é
claro, é a mais Motorheadiana do disco.
Claro que você já foi fisgado, mas para completar ele mete os riffs de Oldskull Wardogs!!!Pura sacanagem
de quem tem a perfeita noção de como juntar alguns acordes básicos e já
surrados e te deixar completamente dominado. E lá na 08 faixa ainda tem um
troço chamado Speed Rock ‘N’ Roll
Marchine que sem dúvida é música de final de show, hino do Punk/Metal, com
aquela guitarrinha criando um clima melodioso no final do solo, que NTS Oldskul
tão bem sabe usar. Alias o que esse cara faz é somente um cavernoso Rock ‘N’
roll e mais nada. Precisa mais?
G. Burkhardt
HERETICAE –
NEW AEON TRINITY
Estreia em ep
dessa hoste de Londrina e percebe-se desde a primeira canção, que intitula o
trabalho, o forte teor épico delas, como
no final de New Aeon Trinity, com um vocal declamado e bateria absolutamente
imponente, sendo fundamental para o clima. To Punish and Enslave é uma
saraivada de riffs que a torna interessantemente caótica. Agora, é inegável a beleza negra de Heretic Manifesto, com sua
cadencia e interpretação foda de Polarys, que além de vocal trampa também na
guitarra, com um dedilhado meio mediterrâneo de violão no final não deixa
dúvidas de ser a obra máxima do disco que se encerra, claro de forma apoteótica
com The Fire And The Lion. Não posso deixar passar em branco a arte da capa do
meu amigo e multiartista, Rômulo Machado. Belíssima ilustração. É sempre mais inteligente a banda lançar
primeiro um ep com essa magnitude, gravando melhor e mostrando as melhores
composições, do que fazer um disco longo e com algumas faixas “mornas”. Cartão
de apresentação respeitadíssimo esse Neon Aeon Trinity. Estão prontos para a
guerra!
G. Burkhardt
PRIMITIVE –
NEGRO METAL DA MORTE
Felizmente
existe gente que entende que precisamos manter o primitivismo do Rock ‘n’ Roll
vivo, porque estão se preocupando demais com os estudos e esquecendo a essência
sevagem e primitiva que tem que estar contida no verdadeiro Metal. E isso o
Primitive encara bem, a começar com uma intro enigmática e percussiva para
descambar num furioso Metal com uma instigada letra em prol do estilo e também
com a insistente e veloz batida, quase tribal de Negro Metal da Morte. Na terceira faixa, A Lei do Aço, temos a
certeza de como será todo o enredo do cd: pancadaria insistente, continua,
quase hipnótica, instintivamente desenhando uma roda, um circulo primitivo para
tribos que ainda não desistiram da luta. Também tem cover de GG Allin e como
bonus as faixas Furia Maldita, Ódio Eterno
e O Martelo das Bruxas na versão da demo 2015 e que apareceram também no split com o Hell Poison e mais 05 faixas
da copilação de 2015. Formam o Primitive o trezentas vezes aqui citado Nts
Oldkull nas guitars e vocais, Exekutor, baixo e backings e Outburst nos
tambores de Guerra. É só!!!! Mantenham a fúria!!!
G.
Burkhardt
TUMULO –
TRIUMPH OF HELL
A intenção
é clarissima: soar o mais próximo de um Hellhammer. Desde a capa feita por
Carlos XV, nos remetendo ao clássico Triumph Of Death da banda suiça, até ao
intencional “analfabetismo” musical que a banda inspiradora carregava. É tudo
muito básico e negro. 07 faixas com letras em inglês e apenas Os Portais Do
Inferno no nosso idioma. Todas a cargo de Joe Hammerfrost e músicas a cargo de
NTS Oldskull. O clima clautrosfobico e em alguns momentos lento como em
Northern War e Satan Hills climatiza todo o trabalho. É
som das trevas sem dúvida, mas daqueles infernos regados a álcool e de uma ociosidade medonha onde só o que nos resta
é colocar um vinil velho e desgastado, mas que faz toda a diferença para a
festa se tornar uma eternidade !
G.
Burkhardt
ROTTENBROTH -
VISIONS OF AUTOPSY
É mágica essa sonoridade cheia de reverbers que muito
se usou na década de 80 e inicio de 90. Até mesmo pelas bandas seminais de MG
que naquela época trafegava entre o Death e o Thrash , mas que utilizavam desse
recurso tão plástico a ponto de trazer de imediato imagens claustrofóbicas e
escuras.Ou seja: Imagens de morte. Afinal isso é Death Metal e na essência não
se faz com demonstrações de virtuosismos , mas sim com esse clima de total
escuridão. E quem nos proporciona isso é o mentor desse projeto chamado
sabiamente de Rottenbroth, é o baiano Danilo Wagner, também integrante da Papa
Necrose. São 05 faixas de sua autoria e mais o cover The Rack do Asphyx, onde o
que se vê é o respeito a tradicionalíssima escola, onde o quase tosco, o
minimalismo eram utilizados sabiamente em prol de criar um senso de maldade
absoluta. Metal da morte com muito respeito.
G.
Burkhardt
Argentina
ENCOFFINED – ENCLOSED IN A COFFIN
Puta Dethão esse da Encoffined, banda oriunda de Córdoba e
que resgata toda a essência da maldade e escuridão tão necessária ao estilo. E
começam com sabor de sangue na boca depois de uma cotovelada na roda.
Disturbing The Sleep of The Dead é um massacre de riffs diretos e batera mamutesca.
Essa batida característica da batera de Marcos Córdoba é um dos motivos do som
ser tão empolgante e ao mesmo tempo tão claustrofóbico, que nos faz sentir
confinados como o significado do próprio nome da banda e título do cd, Sensação
essa aumentada pelos os riffs de Juan Taricco e Leandro Smith, (também vocal),
junto com o peso do baixo de Facundo Urriche. É impossível citar destaques. É
pedrada após pedrada, peso bruto tocado com muita classe as vezes veloz e as
vezes compassado com os dois bumbos preenchendo todos os espaços. É guerra
moço!!!
G. Burkhardt
SILENCE – PLACELESSNESS
Banda formada em 2004 com apenas esse full lançado em 2017. O
que me chegou primeiro em mãos através de amigos argentinos, foi provavelmente
um promo antes desse lançamento já que 03 faixas são desse trabalho e foram
elas que me fizeram correr atrás do Placelessness. A proposta é um Black Metal com pegadas progressivas, muito
foderoso nos climas sempre pesados, com passagens quebradas, um vocal forte e
não tão rasgado, perpetuado por James Crowley, entre riffs as vezes lentos e
mais melódicos como na faixa, Xilqa, outros de quebradeira e complexos como
os de Endless Knot, sem dúvida a mais progressiva com passagens até
jazzísticas. Mas em Inferno e Dagon, por exemplo, a banda aposta muito mais na
pressão sonora e escura, mas ainda raspando no experimentalismo. Diego Astrada
e Gabriel Olivares fazem os riffs nervosos , Bruno Bisocoli o baixo e Guido
Bisocoli a batera que completa esse arregaço sonoro e que foge um pouco do
padrão Black metal, por isso em alguns sites até cita-os também com influência
Death. Mas que se arrombe esses rótulos!
G. Burkhardt
NARCOLEPSIA –
DESINTEGRACIÓN
Um Death
Metal brutal com os dois pés na velha escola. A banda é nova, formada em 2016 e
já lançando essa demo como um rolo compressor em três faixas cantadas no idioma
natal, diretas e de uma violência extrema. Apesar da capa não conter título, a
demo é conhecida como Desintegración. A capa, por sinal,muito bem sacada com uma foto
dos 03 integrantes dentro de caixões, Tuerca Bustamante no baixo, Yoe Soria na
bateria e vocais e a guitarrista Pely Macchi, também vocal e guitarra na banda
Thrash Indisposed. Começam o arregaço com Ingesta de Humanos, que começa
lentona mas logo parte para a velocidade e seguem na pancadaria com Narcolepsia
e encerram com Desintegración que em alguns momentos tem até um cheirinho de
Mass Hipnoses do Sepultura. Sem conceções, apenas Death Metal raçudo. Já é um
alerta para corrermos atrás do EP “Enferma Contaminación Mental” também lançado
ano passado!
G. Burkhardt
INDISPOSSED –
HANGOVER
O que Pely
Macchi -voz e guitarra, Naty Ferrando – Guitarra,
Ana Fernandez – baixo e Poly "Televisor Robado" - Bateria fazem nesse
Ep, é Thrash Metal na linha bem
tradicional, com muita competência e na medida certa para fans do estilo (como
eu). A influência de Mustane no vocal da primeira faixa, Where Is Your God, é
gritante, mas o som da Indispossed, não tem nada da banda do noiadinho Mustane
e o vocal passa longe disso no restante do trampo. Na verdade muda tanto que na
última faixa, Whisky, arrisca um quase gutural. Esse EP é de 2015 e em 2017 já
lançaram outro Ep chamado apenas de Indisposed, agora com um s a menos na
grafia. Pelos vídeos ao vivo, as garotas chutam o pau da barraca e mantém a
chama das rodas bem vivas!
https://www.facebook.com/Indisposedthrash
G. Burkhardt
NECRODEMON – IN THE ECTASY OF FIRE
1. Para começarmos, fale um pouco do início do Forahneo!
2. Impressiona a excelente produção do Perfidy, mesmo gravado em países diferentes, a coesão dele é de tirar o chapéu. O que foi feito no Chile e o que foi feito no Brasil? E a escolha de um produtor daqui, Victor Hugo Targino, se deu por que motivo?
CHILE
NECROSIS – AGE OF DECADENCE
Banda veterana de Santiago, uma lenda do Thrash Metal do
Chile claro que sendo uma banda criada em 1985, as influências dos grandes como
Testamente, Metallica... tem que estar presente, apesar deque a banda não parou
no tempo e nos apresenta um som muito consistente, mas também “moderno” nesse
que é o seu quinto e último full, gravado em 2015. O batera Andre Nacrur mantém
a banda desde os primórdios, oscilando um pouco o line up ao longo dos anos. Também
não é fácil manter uma banda durante tanto tempo estável, ainda mais na America
do Sul. O som desse trampo começa com uma belíssima introdução com guitarras
melodiosas, Intro: Desolation Land e segue com End Awareness, Thrash na veia,
que vai ditar todo o clima do disco que encerra com a magnífica My Own Funeral,
que melodia foda !!!. Enfim, experiência e tradição juntas, não tem como dar
errado!!!!
G. Burkhardt
A banda veterana já diz pra que veio ao se preocupar em
contratar os serviços do mestre das artes para o Death Metal, Dan Seagrave. Todo o trabalho gráfico do cd
em digipack enche os olhos, mas o coração dispara mais ainda quando escutamos
aquele Dethão de responsa, com pitadas melódicas, mas com a maldade
prevalecendo em todas as faixas como em Red Carnage e na pressão imediata de Eater
Of Gods. Para se entender o porque de classificar a banda chilena como Death
melódico, é escutar Invocation Of The Unlight e perceber que a sequencia de
notas são estruturadas para arrepiar mesmo, mas em momento algum o sensação de
escuridão escapa do contexto do trabalho. Uma produção perfeita, um Death
foderoso , mixado na Suécia é claro, na tradição e respeito, se não pelo berço,
mas por onde a “criança” cresceu mais forte!!!! Death Metal !!!!
G. Burkhardt
Como o blog estava de molho e o Acclamatur impresso saiu com um númeroe especial apenas com bandas pernambucanas, algumas entrevistas , como essa com a Forahneo, ficaram de molho, mas em nada cheiram a ultrapassadas, já que as perguntas e respostas soam atemporais. Portanto vamos à conversa com o grande amigo e mentor da banda, o chileno Eduardo Jarry:
Eduardo Jarry: Fala meu amigo Guga! Muito obrigado pelo espaço. Uma verdadeira honra fazer parte do Acclamatur, 30 anos depois de ter a primeira edição em minhas mãos. Olha, depois de morar décadas em João Pessoa, voltei para o Chile há uns seis anos. Cheguei com material suficiente para um disco e decidido a formar uma nova banda. Pra concretizar o projeto, convidei meu brother Victor Hugo Targino (Soturnus, Necrohunter, Sodoma, Cangaço), para produzir e gravar as guitarras; completando o time, na base da absoluta cara-de-pau, com verdadeiras lendas da cena local, como, Tito Melin (ex Undercroft) e Andy Nacrur (Necrosis). Assim nasceu o Forahneo.
2. Impressiona a excelente produção do Perfidy, mesmo gravado em países diferentes, a coesão dele é de tirar o chapéu. O que foi feito no Chile e o que foi feito no Brasil? E a escolha de um produtor daqui, Victor Hugo Targino, se deu por que motivo?
Eduardo Jarry: As guitarras foram gravadas no Brasil e o resto aqui em Santiago. O disco foi editado no Brasil e mixado nos EUA pelo Chris Zeuss Harris. Produtor é cargo de confiança. Conheço Victor Hugo e seu trabalho há muitos anos, é um profissional completo; não nos imagino trabalhando com outro cara, ele é nosso quinto integrante. A coesão é reflexo da competência dos envolvidos na produção. Eles fazem toda a diferença, conseguem levar os músicos aos seus limites na execução e fazem o melhor trabalho com o material gravado.
3. A arte da capa de Marcelo Vasco é outro atrativo no cd, que se tornou ainda mais conhecido por fazer a capa do último do Slayer A escolha foi baseada nisso ou já haviam feito contato antes?
Eduardo Jarry: Marcelo Vasco é foda! Antes dele um artista europeu nos deixou de molho esperando uma arte que nunca chegou por vários meses, atrasando o lançamento do disco. Entramos em contato com ele antes da arte do Slayer, eu já acompanho o trabalho dele há algum tempo.
4. Vocês lançaram o Perfidy com Sergio Aravena e Andy Nacrur, os dois bastante conhecidos na cena chilena. Sei que houve mudança, nos diga o porque dessa mudança e como está a formação atual?
Eduardo Jarry: “Perfidy” foi gravado basicamente por músicos convidados. Tito e Andy não conseguiram conciliar seus projetos pessoais com a banda. O que funcionou pra nós, pois, eu já tinha a intenção de assumir os vocais. Agora o Forahneo é formado por Eduardo Jarry (Vocal e Baixo), Sergio Aravena (Guitarra) e Roberto Nervi (Guitarra). Gravaremos o próximo disco com um baterista convidado.
5. Você tendo morado no Brasil por anos e conhece bem as duas realidades, o que diferencia o Chile do Brasil em relação aos valores e estrutura de shows, publico, etc?
Eduardo Jarry: De fato, acho as realidades bem semelhantes; ótimas bandas, músicos de primeira linha, inúmeros lançamentos de nível mundial, excelentes estúdios, estrutura profissional para tocar, shows de bandas gringas lotados; e, a típica latino-americana falta de apoio as bandas locais. Acho que a grande diferença é a dimensão continental do Brasil, que abre novos mercados para as bandas locais, que podem sair com mais facilidade dos grandes centros.
6. O Chile proporcionalmente talvez seja o pais da America do Sul de melhor qualidade de lançamentos de música pesada, revistas e zines. A que que você acha que se deve isso?
Eduardo Jarry: Pode ser uma resposta de uma geração a uma ditadura que durou muito tempo e deixou como legado um histórico de opressão, brutalidade, além de modelo econômico perverso. Com certeza a produção musical e literária chilena é excepcional; mas, não muito diferente das cenas do México, Colômbia, Argentina, Perú; acho que, de fato, falta uma maior integração entre cenas latinas. Em vez de visitar os países vizinhos, sempre se busca a Europa ou USA. Nós antes de irmos para a Europa com certeza vamos tentar tocar no maior número de países latinos possíveis.
7. Como tem sido a receptividade da banda nos outros países da America do Sul?
Eduardo Jarry: Excelente. Mesmo tendo sido lançado em outubro de 2015, o disco entrou em listas de melhores do ano aqui no Chile e na Colômbia. Recebemos diversas mensagens de amigos do Perú, Equador e Venezuela. E podem ter certeza de que só estamos começando.
8. Tem projeto ou perspectiva de turnê por aqui?
Eduardo Jarry: Com certeza. No final de 2017 ou começo de 2018, vamos tocar no Brasil, priorizando o Nordeste. Se tudo correr como planejado, após o lançamento do novo álbum, devemos fazer uns cinco ou seis shows no Brasil, a maior parte no Nordeste.
9. Quais os próximos shows e quais os planos para o Forahneo?
Eduardo Jarry: Agora estamos totalmente concentrados na produção do próximo disco. Mais uma vez produzido por Victor Hugo Targino. gravamos os backing vocals em João Pessoa, consegui juntar um grupo de amigos/lendas; Óliver (Necrópilis), Wilfred (Will2Kill, Cruor), Williard (Medicine Death, Dissidium), Wilhelm (Medicine Death), Gilberto (Nephastus), George (Behavior, N9) e Rodrigo (Soturnus).
Aguardamos novidades em 2018 do Forahneo e com certeza virá um trabalho tão foda quanto o Perfidy!!!
MANGER CADAVER ? – REVIDE
Com interrogação mesmo. Comedor de cadáver? É esse o
significado do nome em francês, numa alusão as pessoas que se alimentam de
carne. Revide vai muito além de um disco hardcore. A começar pelo texto no
inicio do encarte que termina com o título: Revide! É um manifesto a não
manipulação, para percebemos os conceitos perigosos que pela nossa situação
“frágil” (criadas por eles mesmos), pode se infiltrar e até enraizar no nosso pensamento.
Coisa que já acontece em massa e de
forma mundial. Para reforçar esses alertas a banda se utiliza de muito peso,
com um vocal monstruoso de Nata Lima, guitarras nervosíssimas de Marcelo
Augusto, Baixo de Jonas Morlock e batera de Marcelo Kruscynski. Desde Abril
Vermelho (sobre o massacre em Eldorado dos Carajás por causa de terras), Suas
escolhas Fazem Você , Crimideia, Iguais
a Nós Mesmos, Déspota e Bruxas da Noite. Letras que vão diretamente a questões
politicas, ataques a opressão e repressão e outras como Bruxas da Noite, uma
letra muito foda , que fala de forma totalmente original e quase alegórica, sobre
o poder feminino na II grande guerra, onde um pelotão de pilotos soviéticas aterrorizaram os nazista, voando com motores desligados para bombardear as tropas alemãs. Com isso ficaram conhecidas como as Bruxas da Noite.A música conta com uma participação marcante nos berros de Karine Profana (
Mau Sangue & Kultist) que faz os backings em todo o trampo, que por sinal é
o som mais diversificado do ep, lento ,
quase metalizado, meio doom, com Nata aos berros. Arrepiante ao terminar com
sussurros repetidos “ ouvem no silencio, voam e vêem no escuro”... “ ouvem no
silencio, voam e vêem no escuro”... . Isso é Poder !!!
G. Burkhardt
OBTUS – VER – OUVIR – CALAR
Hardcore, Punk Rock no conceito antigo da palavra. Primeiro
dá uma raiva da porra, depois uma vontade de invadir uma roda e quebrar tudo,
depois vem uma áurea de consciência e após o primeiro impacto a coisa se
transforma em raiva dirigida. É hardcore claro, letras politizadas, sociais...
com um peso bruto, muito bem gravado, dicção perfeita permitindo sacar bem as
mensagens. São 16 faixas que destilam o mais perfeito inconformismo com um
autêntico cheiro das ruas. Ruas quentes de Terezina, Piauí de onde a banda é
oriunda e existe desde 1996, vociferando sua arte brutal. O cd foi lançado em
2014 numa mescla de antigas e novas “canções” aqui homogeneamente gravadas o
que ajuda na sensação de terem sido feitas na mesma época. Diante de um disco
tão bom, não costumo destacar faixas, mas se você quiser fazer o seu dia ficar
bom e ganhar energia para ir à luta, rode “Making Off de um Monstro” e saia de
casa com a vida vencida!!! Foda!!!
G. Burkhardt