terça-feira, 31 de maio de 2016




Ano comemorativo, 30 anos levando você ao inferno. Seja virtualmente ou fisicamente o Acclamatur zine vai dando as caras, apoiando quem merece ser apoiado, quem faz um som com sinceridade, com sangue nos olhos. Breve exposição percorrendo várias cidades com as artes que fazem o zine e outras relacionadas com bandas, distros e tudo o mais que faz a imagem do underground!
A seguir a fúria de SAKHET,  THE UNHALIGÄST, MALKUTH, EPOCH OF HATE, BATTALION, HELLLIGHT, CONFOUNDED E MORTERIX.









SAKHET – A VOZ DE SAKHET - RJ


        A força primitiva feminina, embora pouco compreendida, quando acessada, é de um poder desestruturador sem igual. Na voz e no comando de Jana Lemos (baixo e vocal) essa quebra de estruturas se faz numa proposta beirando ao Punk e claro, Motorhead, com letras mais negras, porém propondo a quebra de tabus, algumas simplesmente uma ode a bebida como 666 Cervejas e a mais que empolgante Na Cerveja Eu Acredito, outras numa temática negra invocando mitologias egípcias, já que o nome Sakhet vem da deusa da doença e vingança. 
               Encarte com todas as letras , mas faltando só um pouco de informação, como por exemplo, quem fez a arte da capa. A batera com Pedro Hertman nas 07 primeiras faixas e nas 08,09 e 10 ,lançadas em 2013 tem nas baquetas Gabriel Bitcher Hunter (também fez mixagem e masterização) e guitarra com Carlos Outor. E ainda no final tem uma faixa “surpresa” do Bathory, Born for Burn. Enfim contra regras, contra igrejas, quase contra tudo. Som diretíssimo, basicão e furioso como a  Sakhet vindo para destruir.


                                                                 G. Burkhardt





THE UNHALIGÄST – SECOND DOSE OF BLISTERING ROCK – RJ


      Pouca coisa mudou no The Unhaligast, com exceção da saída de Armando Exekutor que fazia uns vocais mais bagaceira diante do vocal de Sub Umbra que se apresenta mais forte e encorpado. Aquela pegadinha suburbana, de boteco podre, empoeirado e com cheiro de cerveja continua a mesma. Uma coisa meio motorhediana com uma pegada mais hard, como por exemplo Bringing me All Hell que tem uns riffs iniciais até meio Kiss, só que com clima mais macho! E a safadeza aumenta com a poesia de A Saint by Day, Slutat Night. Pra completar o clima alcoolico, The Midnight Blues, nada melhor que um blusão pra estimular a bebedeira. Depois mais um hino de ode ao heavy metal, como Born to Be a Headbanger do  primeiro trampo, União Headbanger é música para se cantar em coro no show com punhos ao ar, com um trabalho bem legal de teclados de Doktor Abuzzer que aparece no encarte em uma foto ameaçadora e tensa. Por sinal além do encarte com todas as letras, a parte gráfica ficou primorosa, digipack abrindo em 03 partes, fotos com muito couro, correntes e atitude headbanger. Detalhe: o ultimo som que se ouve no cd é de um escape de moto. Rock ‘n’ Roll hombre! Apenas isso! Tim tim!



                                                                             G. Burkhardt




MALKUTH – EXTREME BIZARRE SEDUCTION – PE

         A atitude do Malkuth em reeditar pouco a pouco seus trabalhos é mais do que louvável , porque  seguramente a banda tem uma das obras mais respeitáveis do BM brasileiro e para os mais novos é uma grande oportunidade de adquirir essas vibrações da escuridão.O primeiro relançamento foi The Dance of The Satan’s  Bitch (1998) e resenhado no Acclamatur ano passado, já Extreme foi lançado em 2001 e ambos vieram com capa nova e uma repaginada na parte gráfica, mas o conteúdo se manteve original, apenas remasterizado, com exceção das bônus gravadas ao vivo  em Natal em 2002.  Deep Melancholy State: A Poetic Suicide in Name of Loucyfer e Devil Bride. Our Erotic Dark Desires e um cover do Rotting Christ, Fear The Grand Whore.  É tão complexo quanto os longos títulos de suas músicas, a criatividade e musicalidade da banda é de deixar qualquer um de queixo caído. São explorados diversos climas, muito carrego, pianos , teclados , bases sombrias , vocais maléficos como devem ser. É mais uma obra gigante, bem estruturada e que explica porque a banda se mantém firme, apesar de diversas trocas de integrantes, mas sempre com Sir Ashtaroth  a frente desse buraco negro que é o Malkuth. Não, não dá para citar uma faixa em especial, é grotesco e ao mesmo tempo suave, é escuro e ao mesmo tempo libertador. É extremo e bizarramente sedutor.
                                                               
                                                                 G.Burkhardt

 

 




EPOCH OF HATE – SOCIEDADE DAS MENTES INSANAS- demo - PE


       Foi, digamos assim, uma longa jornada para sair esse material. A banda retomou a ativa depois de 08 anos parada e no ano passado adentrou em estúdio para gravar essa demo. Infelizmente tiveram problemas com perdas de material já gravado e tiveram que adiar o lançamento previsto para o meio do ano, mas só saindo na última semana de 2015.E mesmo depois disso a banda nesse exato momento encerrou novamente suas atividade, ficando uma incognita sobre o seu futuro. Mas vamos ao som! Um Death Metal na linha mais tradicional, com letras em português, mesmo que na maioria das faixas, como em Templos de Mentiras, mesmo com o encarte na mão, não se entende absolutamente nada o que o vocal de Fabio Bradock pronuncia. Uma o outra frase se compreende. Mesmo assim é um bom vocal de Death Metal.

A Terceira faixa,( contando com a Intro), Sodomia,fala sobre o Marques de Sade, O Legado sobre Alester Crowler e a última, Álchool ( A Chave Para a Devassidão) já é autoexplicativa. Sem duvida sonzão no juizo, com uma gravação apesar de um pouco magra, mas deixou tudo bem perceptível e quem conhece a banda ao vivo, sabe do que ela é capaz. Complementam o EOH, as mentes insanas; Magno Zyklon (Tremores Abismais), Stewart Insano (Cordas Infernais) e Dêivid Perverso (tambores de Guerra). O cd vem em forma de envelope com encarte dentro e arte feita por esse que vos escreve e que através de um única ilustração, aborda todo o conteúdo lírico do cd.

E vamos torcer por outra volta da banda!

                                                                        G. Burkhardt






BATTALION – TYRANT OF EVIL – EP


       No final dos anos 70 e inicio dos anos 80, bandas como Iron Maiden, Iron Angel, Judas Priest eram consideradas pesadas, muito pesadas mesmo. Com o surgimento das vertentes mais agressivas, como o Thrash, Death Metal e outros, essas bandas, com o passar das décadas, passaram a ser consideradas até “leves”. E o que fazem as bandas de hoje que tocam simplesmente Heavy Metal, ou como gosto mais de chamar: Metal tradicional? Pela própria formação dos músicos, adicionam doses maciças de peso e agressividade, algumas beirando quase ao Thrash pelo uso de palhetadas. O Battalion faz mais ou menos essa lição, ficando com determinação e autoridade a bandeira do som que se fazia em 80. Aquele Metalzação fuderoso, sem muita firula, com muita raça e o mais importantes , sem aqueles vocalzinhos afeminados que cismaram de chamar de Power Metal e só me deixam a sensação de uma donzela mal comida com um fundo musical que não passa de uma caricatura dos primórdios do Manowar, Jag Panzer , guerreiros de verdade, essas sim podiam ser chamados de Metal Força. O ep de 07 faixas em questão traz na verdade apenas duas músicas novas, Tyrant of Evil e a do refrão mais empolgante, Hell Razor que destaca totalmente o vocalzão poderoso, imposto de forma totalmente agressiva de Fagundes (também baixista). As outras Battalion of Metal, Valley of the Dead, Fighting for Glory, Final Battle e Soldiers From Shadows foram extraídas da demo de 2007 e que mantém o mesmo nível, tanto de gravação, como de composição das duas primeiras faixas, produzidas agora em 2015. Fabiano Barbosa soca a bateria e Álvaro Santana descarrega grandes e empolgantes riffs. Nem só de Metal Extremo vive o homem. Recomendado para noites de cerveja e jaqueta jeans fedidamente largada em cima de uma jaqueta de couro.

                                                                                G. Burkhardt













Confounded é uma das bandas pernambucanas que mais se apresentam em palco, inclusive recentemente foi convidado para tocar no Abril Pro Rock, sendo uma das bandas mais aclamadas no festival. Se preparando para lançar o seu primeiro full, vamos aqui conhecer mais um pouco dessa que tem se mostrado uma das bandas de Death Metal mais inventivas e furiosas do momento.


A- Primeiro o de praxe: contem um pouco sobre o inicio da banda.

R: Começamos no final de 2012, início de 2013, a maioria de nós já tínhamos bandas antes só que estávamos todos parados e afim de fazer um som porrada como a gente gosta de fazer, fomos nos falando e decidimos formar a Confounded, que inicialmente era formada por Paulo Silva no vocal, Diogo Chaves na guitarra, eu Marcelo Godoy na guitarra, Fábio Montarroios no baixo e Beto Nascimento na bateria.


A- Vcs acabaram de relançar o Ep Parasite com uma faixa bônus, mas realmente o que aconteceu com a banda na época (2013) após esse lançamento?


R: Na realidade relançamos o EP "The Parasite" porque tínhamos muitos pedidos de pessoas interessadas nele, dai decidimos colocar uma faixa bônus para deixar o EP mais atrativo pra quem for adquirir, em 2013 fizemos pouca divulgação desse nosso EP, e como tem bastante gente querendo voltamos a produzir ele físico.



A- Ano passado, Vocês fizeram vários shows, inclusive em várias cidades, com isso deve ter aumentado o interesse pela banda, foi esse o motivo dos lançamentos físicos recentes?

R: Foi sim, tocamos demais, principalmente no interior de PE, rodamos muitas cidades, e é muito foda tocar no interior porque o pessoal que curti música extrema é carente de shows, e sempre que vamos tocar levamos nosso material físico, e os bangers compram mesmo, apoiam a cena, não que na capital não apoiem, mas no interior é diferente.


A- Mudou algo na parte lírica da banda após a entrada de Leo Montana?

R: Sim! Geralmente Léo fala sobre situações que podemos vivenciar, temas associados a drogas, violência, sexo, temas mais humanos, não acreditamos em céu ou inferno, a vida deve valer a pena ser vivida, e entendemos que pra fazer valer, você precisa se satisfazer, nos caminhos que vc anda em busca dessa satisfação sempre haverão situações de adversidade, e sobre as adversidades e satisfações, conflitos e desinteresses, bem como os interesses que agora fala a Confounded.



A- Percebo que a guitarra de Marcelo, agora única guitarra na banda, está ainda mais criativa, pesadíssima , com riffs, digamos até de vanguarda. O que dá uma identidade própria a banda. Existe uma mudança intencional, por agora ser a única guitarra, na maneira dele tocar?

R: Nas musicas mais novas as composições estão saindo mais pesadas propositalmente, queremos fazer mais peso e mais velocidade, porque as influências de todos na banda variam demais, vai do Cannibal Corpse ao Queen, e eu Marcelo, curto muito bandas de slamming, brutal, heavy, dai tiro minhas misturas loucas que na maioria das vezes dá certo.



A- A meta agora é um full, quantas músicas já estão prontas e qual o direcionamento que vcs vão tomar?

R: Sim, estamos em pré produção do nosso full álbum, já temos 5 musicas prontas, pretendemos gravar de 8 à 10 musicas, estamos procurando alguns selos/gravadores para nos apoiar, a partir desse full pretendemos entrar nos circuito de grandes festivais, sabemos que são pretenções altas mas acreditamos no que fazemos. 


A- Breve mais novidades sobre a Confounded!!!!







Abrimos esse espaço pelo valor histórico de certas gravações. Falaremos tanto das bandas novas, quanto das velhas conhecidas, pois nos sentimos atraídos pela autencidade que sempre marcou o som UNDERGROUND.”

Assim estava escrito no Acclamatur de 1986 e é assim que vamos conduzir o Subterraneus aqui no blog. Vamos considerar tanto as gravações boas quanto as gravações mais toscas ou mais simples de bandas que por falta de experiência ou por morarem longe de grandes centros, sem acessibilidade a bons equipamentos fazem o possível para registrarem o seu som com um único sentimento: FÚRIA! E FÚRIA é o que mais importa. Portanto, promos, lives, demos antigas, fúrias esquecidas no tempo e que valem serem resgatadas para mostrar autencidade e sinceridade ao Metal estarão aqui para os arqueólogos vasculhem nos registros arkashicos




MORTERIX – RED WITCH – (DEMO ENSAIO)

         A velha demo ensaio esta voltando aos poucos. Ainda bem! No dia 27 de setembro de 2014, Morterix entrou com sua típica fúria e gravou essa demo, onde a primeira característica são as músicas rápidas e curtas, todas com menos de 2 minutos, reforçando o lado Punk da banda já percebido  no cd “The Roots of Ignorance” , resenhado nassas páginas do Acclamatur zine nº 108. A proposta lírica agora é bem mais negra, com títulos como Baphomet’s Penis, Red Witch, Dying In Heaven... O clima é total oitentão. Curto e certeiro. Tocaram nesse dia Fabricio na batera, Lucas na no baixo e Rodrigo na voz e guitarra. A gravação ficou ligeiramente abafada, mas todos os instrumentos bem audíveis e equilibrados. Infelizmente passa rápido, porque a a banda é irada, mas mesmo assim deixa uma sensação infernalmente aflita.
                                                                         
                                                                        G. Burkhardt









Diante de um fúnebre ano de 1996, em São Paulo,uma luz, parecendo emergi do inferno, não pela sua aspereza, mas pela sensação de amplidão desértica que seu som emanava. Uma luz que emanava uma música de sentimentos distantes, o Funeral Doom da Hellight surgia. Império de contos musicados com maestria por Fabio de Paula acompanhado Luis Comitre no baixo, e Robson Silva na marcação.
Debutaram com a demo Fear of Evil com três sifonias tétricas e belas ao mesmo tempo.  Após 08 anos, com Rafael Sade nos teclados em memória de velhos espíritos, fecundaram o primeiro trabalho completo, completo de lentidão enegrecida por ecos influenciadores de Bathory e Black Sabbath. Definindo sua áurea,  somente em 2008, lançaram o cd intitulado, Funeral Doom, como para definir seu estilo e sua intenção melancólica. Dos velhos espíritos restaram Fabio e Robson , Alexandre Vida no baixo e Eric nos teclados trouxeram novos sopros abafados.


 Num intervalo de tempo menor, como uma Luz de Consciência vinda do Inferno, em 2011, com Fabio assumindo além da guitarra e vocal, também as teclas e bateria programada, sobrando apenas Alexandre Vida no  baixo surgiu outro trabalho primoroso, onde, com apenas seis faixas épicas o grupo mostrou que existe evolução e  não apenas involuções ao inferno. No mesmo ano, realmente como uma luz que sopra através da escuridão, lançam The Light That Brought Darkness ,  uma ode às bandas e músicos sagrados ou amaldiçoados, com regravações primorosas e até corajosas, se tratando de interpretar gênios com Ronnie James Dio , Freddy Mercury....  a banda conseguiu  incrivelmente imprimir a sua marca com um clima denso do seu funeral doom em músicas fadadas a serem imutáveis como Heaven and Hell , The Show Must Go on, Confortable Numb. Sendo depois, em 2012, inserido junto com o segundo trabalho, Funeral Doom e lançada pela gravadora russa, Solitude Prods.Assim como o trabalho anterior.









Em 2013 o HellLight afirmou: "Nenhum Deus Acima, Nenhum Diabo Abaixo “. Portanto o que é que houvesse, na terra havia A Luz do Inferno, cada vez mais densa, melancólica e bela.Com esse quarto tratado completo, mais clarão que não cega penetrou na escuridão do mundo arregimentando cada vez mais seguidores. E convocando novamente Rafael Sade nos teclados, dois anos depois Viajaram Atraves de Tempestades Infinitas e lançaram outro trabalho, cada vez mais primoroso, sinfonias imensas, imersas em sabedoria iluminada por aquela Luz, esclarecedora do tanto que devemos mergulhar na escuridão para buscarmos a nosso caminho que passa sempre pelo inferno.

                                           G. Burkhardt