O feio, o
mal, o podre. A estética que estávamos criando na década de 80, quando o Heavy
Metal reascendeu com força, era a da contravenção do anti-sistema e o que valia
era assustar.
Mas, ao mesmo tempo queríamos ser compreendidos, não ser ridicularizados diante de meios de comunicação como a rede globo, queríamos no fundo ser aceitos pela sociedade mantendo nossa identidade. Os anos se passaram e o mercado nos absorveu.
Mas, ao mesmo tempo queríamos ser compreendidos, não ser ridicularizados diante de meios de comunicação como a rede globo, queríamos no fundo ser aceitos pela sociedade mantendo nossa identidade. Os anos se passaram e o mercado nos absorveu.
O culto à morte que tanto pregávamos e usávamos nas camisas,
nos anéis, hoje virou artigo de butique. Caveiras viraram moda.
Em grandes
magazines como a Renner, Riachuelo, encontramos camisas do Kiss, Guns e pasmem: Black Sabbath. O que aconteceu com nosso mundo do mal? Continua o mesmo, só que
o mundo sempre foi mais do mal do que do bem. Apenas antecipamos essa sensação
com nossa trilha sonora mais apropriada.
Agora é correr para nossos porões,
para nossos subterrâneos para arquitetar uma volta. De alguma forma mais feia,
mais deformada. Não há mal nenhum nisso. O mundo é um demônio crucificado numa cruz invertida.
G. Burkhardt
O Hanted está naquele
patamar de bandas que passam por várias vertentes do som pesado, mais ainda
assim soa muito mais Thrash. Muito peso, numa produção muito boa de Laíldson A.
de Oliveira e co-produzido pela banda e totalmente gravado em Paulo Afonso. O
que deixa o som mais original é o uso do teclado por CleytonCloves. Um teclado sem
devaneios e inserido mais como um instrumento “climático” no meio de um peso
absurdo, sem fazer soar como gótica ou sinfônica, muito pelo contrario, a
agressividade e a raiva imperam. Poderia dizer que o som que a Hanted faz é
moderno, antenado com o novo, porém sem afrescalhar ou ensaiar pulinhos. Na
verdade é até simples e direto, mas com notas agregadas com a sabedoria de quem
sabe criar impacto numa composição.Raça é o que mais tem no som. O vocal irado
de Jurandi Roque aumenta a violência do som. Grandes guitarras de Carlos
Alberto “Dinda” e Deiveson Carlos com o baixo de Kilber Ryan aumentando a
pressão. Bateria matadora de Calmon Herbert capitada com uma sonoridade
excelente.São dez faixas contando com uma insana introdução. Cada uma com seu
vigor e um agradável gosto pela brutalidade refinada.
G. Burkhardt
G. Burkhardt
Não
é um lançamento novo,foi gravada em 2011 e infelizmente nunca lançada
oficialmente e sim como promo.Tem nada mais nada menos que 10 sons de um fudido
e instigante Death Metal. O Incinerador , que existe desde 2004,começando como
quinteto, depois virando um quarteto gravando uma demo “Exterminando os Ciclos
da Hipocrisia” em 2007 (distribuída pela Anaits Records), a banda se
estabilizou como trio formado por Marconi Oliveira (baixo), Domingos Prestes (Vocal e Guitarra)
e Iagê Donato (bateria) integrantes originais.
Começando
com um Intro (fogo, Morte e Destruição) tendo uma levada marcial antecipando a
fantástica Guerra Suja, um Death com
várias mudanças de andamento, característica de todo o trabalho, mostrando que
o Incinerador não está preocupado apenas em ser brutal, mas em ser levado a
sério na sua musicalidade. De Vítimas do
Terror à quarta faixa, Enterrado Vivo,
que dá título ao cd, percebe-se logo que
a criatividade é a tônica que permeia todo o trabalho e também é
destaque a levada que deve criar muita fúria nos shows ! Pilhas de Corpos, Designado
Para Matar, Decapitado, a “singela’ instrumental acústica, Outro, apenas ao violão e som de chuva e
trovoadas, avançando para Invisíveis
Forças do Mal que deveria ser a última do cd, mas ainda tem a faixa bônus Vomitando Vermes Vivos, que tem uma
queda na qualidade da gravação, apesar de ter sido gravada no mesmo estúdio (em
datas diferentes) , no LineRec Estúdio.
O cd vem na forma de envelope e com um encarte em xerox das letras que seguem uma linha bem Death Metal explorando o lado negro da vida sem cair nas redes perigosas do ocultismo desaculturado.
O cd vem na forma de envelope e com um encarte em xerox das letras que seguem uma linha bem Death Metal explorando o lado negro da vida sem cair nas redes perigosas do ocultismo desaculturado.
Muito
foda !
G. Burkhardt
É impossível
falar apenas de música quando certas bandas iniciam sua carreira em meio a
polêmicas. A Nervosa começou quase numa avalanche de crítica depois de um vídeo
vinculado no youtube, onde a banda detonava (no mal sentido) Black Magic do
Slayer. É claro que a supervalorização do caso foi mais pelo fato de ser uma
banda de Thrash Metal formada por mulheres, aumentada pela explosão da Nervosa
na mídia e o furor peniano que fez com que elas fossem ejaculadas para o hall da
fama como poucas bandas no Brasil conseguem. Isso feriu um pouco o orgulho dos
cabras machos grandes guerreiro Manowarianos com suas espadas ameaçadas e
amolecidas por um bando de guerreirinhas não merecedoras de seguir a linhagem
musical do mestre Slayer.
Possivelmente,
(se nós homens nos conhecemos),elas ainda serão muito perseguidas, mesmo depois
de nos dar uma resposta à altura com esse primeiro trabalho, na forma que só as
mulheres quando estão muito putas conseguem: raiva, atitude e muita
competência.
O cuidado
com o trabalho foi geral. Arte de capa belíssima feita pelo grande artista
Andrei Bouzikov, peso e timbragem dos instrumentos perfeitos. Ou seja: produção
impecável. Mas se tudo isso estivesse acompanhando de composições insossas e
nada inspiradoras de nada adiantaria. O Thrash praticado nesse discaço é de uma
criatividade e variedade tremenda. Não cairam na armadilha de soar muito oldschool
(coisa difícil na fórmula tão amarrada que é a do Thrash Metal). Soou
empolgante e moderno, mais ainda assim insanamente Thrash como o Thrash tem que
ser.
A violência
também tem a culpabilidade do affair de Fernanda Lira, Amilcar Christófago
(Torture Squad) que gravou toda a bateria, cargo agora assumido por Pitch
Ferraz, que já tem suas fotos inseridas no encarte do cd. Os vocais de Fernanda
são plenamente influenciados por Schimier do Destruction. As guitarras de Prika
Amaral são fortes e precisas com alguns solos de muito bom gosto, eliminando a
dúvida apoiada no fatídico vídeo citado no inicio dessa
resenha, onde a guitarra foi um dos culpados pelo fiasco do cover. Mas está
totalmente redimida as seis cordas da guerreira, até porque ao assisti-las em
2012, ao vivo, já havia recuperado a
confiança no poder de fogo nervoso da Nervosa.
Vai ser engraçado ainda ver caras que amam trabalhos
de bandas como Bywar ou Executer, largando a lenha nesse trabalho que está
estilisticamente no mesmo nível das últimas obras dessas duas grandes bandas do
Thrash nacional (poderia citar dezenas aqui).
Infelizmente,
ainda no nosso meio tão reacionário, elas poderão ainda ter o que provar (não
para mim) que estão aqui, não pra acompanhar seus hominhos, mas para acompanhar
e contribuir para o respeito ao Metal que se faz no Brasil.
Depois de
longos anos de Metal for man, como é bom ver lindas, furiosas e competentes
mulheres se matando com fúria e sede de palco, ou vocês não estão cansados de
ficarem se acotovelando pra ver guitarristas suados?
G.Burkhardt
Qual
vertente de Metal nomeia a banda a partir de uma música, uma porradaria que
fala de uma noitada de muita bebida que culmina num sanduíche gorduroso que provoca uma Morte Lenta e ainda assim a
sensação de violência e revolução ainda pode ser levada a sério? Resposta
óbvia: THRASH METAL ! E que thrash metal empolgante faz essa banda de Rondônia.
Mostrando que o ódio e a violência que emana das nossas brutais bandas, não tem
limites geográficos de norte a sul,
sudeste , nordeste, centro-oeste. Em todos os lugares estão pegando fogo
as guitarras, baixos , baterias e gargantas. A gravação está perfeita, som
totalmente profissional, destacando o peso necessário para o estilo. O vocal de
Hiena é aquele esganiçado-desesperado do estilo, bateria de Gilson precisa,
baixão de Nerd e guitarras perfeitas de Tiago e Kenny. E as guitars realmente
se destacam com solos belíssimos em meio a porradaria. Talvez pela influência
do início de carreira em 2010, quando a banda tocava covers de Iron Maiden e
Judas Priest, grandes escolas de guitarristas.
A demo contém 03 músicas felizmente cantadas em português, Marchas do Poder, Mente Insana e a maníaca Morte Lenta. Foda! Apenas isso.
A demo contém 03 músicas felizmente cantadas em português, Marchas do Poder, Mente Insana e a maníaca Morte Lenta. Foda! Apenas isso.
G. Burkhardt
Rondônia
aparece aqui mais uma vez, agora com um perfeito Black Metal. Apesar do cd ter
sido lançado em 2009, só parou agora na minha mão graças ao baixista Marco Oliveira do Incinarator. E
como já havia explicado no blog, não existe mais material velho ou
desatualizado, pois a produção brasileira se tornou enorme e muitas bandas não
conseguem divulgar os trabalhos em tempo hábil. Então porque enterrar uma obra
dessas? Primeiro ponto positivo: As letras são bem escritas e fica fácil de
cantar com a dicção perfeita de Camarão Rotten. Segundo ponto positivo: Som
muito criativo com composições com muita propriedade. São sete blasfêmias bem
gravadas e muito bem executadas. Espiritos
Opressores, Cruz em Chamas, Rainha dos Condenados, O Exilado, Meros Mortais,
Escuridão sem Fim e Dominador. Complementam a formação Andrison Eternal no
baixo, Sérgio Watanabe na guitarra, Alberto Warrior na batera e Ester nos
teclados.
G. Burkhardt
No meio de
tantos lançamentos, onde tudo que se podia extrair de um estilo como o Death
Metal já foi intensamente explorado, o que as bandas de hoje em dia podem fazer
para não se arriscar a lançar um trabalho morno e sem atrativos? Acho que é nos
detalhes que está o segredo para quebrar o gelo. Em meio a boas composições a
banda de hellcife introduz desde gravações de discursos Hitleriano, vozes em
oratória e introduções bem sacadas como no começo de The Eyes Will SeeRed, com um tecladinho vintage acompanhado do
baixo “desandando” num riff esplendidamente negro e atacados por berros. Vemos
também diferença nos efeitos de guitarras meio viajantes em Evilized, e ainda no pesadíssimo baixo
com efeito no final de Deathfeeds The
Soul que de tão estranhos como arranjos para o estilo, dão um molho a mais
nessa obra.
Nada descamba pra velocidade extrema. Esse é o Death Metal que particurlamente eu gosto, onde a intensidade dos climas se sobresai à rapidez para simular brutalidade. Esse trabalho comentado ainda é uma promo, o ofícial está para sair, então só nos resta esperar. A banda responde como trio: J.M.Insane (vocal e Guitarras), Danilo Pavel (bateria) e Natan Nigro(baixo). Espero que essa não seja a única praga lançada por essa entidade.
Nada descamba pra velocidade extrema. Esse é o Death Metal que particurlamente eu gosto, onde a intensidade dos climas se sobresai à rapidez para simular brutalidade. Esse trabalho comentado ainda é uma promo, o ofícial está para sair, então só nos resta esperar. A banda responde como trio: J.M.Insane (vocal e Guitarras), Danilo Pavel (bateria) e Natan Nigro(baixo). Espero que essa não seja a única praga lançada por essa entidade.
G. Burkhardt
O que gosto
no Black Metal é que muitas bandas mantém aquela pegada, aqueles momentos de
total Heavy Metal. Ou seja: em meio a tanta maldade, o Black Metal é muito
tradicional nas suas posições e filosofias. E isso é bom, porque mantém a
estirpe, mantém a hereditariedade que muitas vertentes perdem e até renegam.
Esse
trabalho está entre os cinco melhores de 2013, e não é à toa que tem recebido
críticas entusiasmadas. É daqueles discos que se houve todo dia, que arrepia
com a perfeita mistura de densidade, criatividade, climas sombrios e melodias
de metal tradicional que só acrescenta mais beleza à obra. Transcedending The Ways Of Slaves abre o cd com um riff totalmente
tradicional, um baixo marcante e uma melodia fantasticamente maldosa com a
ajuda do grande vocal de Nechard. Eris Aeon
mantém a mesma áurea sempre alternando cadencia com bumbos rapidíssimos de
Helles Vogel. A terceira, Demoniac By Divine Power entra com uma
pancada no peito onde a sonoridade fudidissíma do baixo de Follmer nos prepara
para sermos arremeçados a outra áurea de metal tradicionalíssimo com um
dedilhado altamente viajante no meio da música.
A próxima é a música título, porque não dizer perfeito, com as guitarras
de Thiernox e Aym finalizando a música de forma arrepiante. A quinta maldade é
talvez a mais porrada de todas Ain Sophir Aur que não deixa pedra sobre pedra,
com a repetição do título em coro aumentando a carga dramática da canção.
The Visions and Mystheries of The
Great Ones também nos
caceteia e depois nos transfere para décadas passadas com seus riffs
cavalgados. Itzpapalotl vem carregado de sombras e opressão, como se realmente
a bruxa/deusa asteca estivesse descendo suas asas sobre nossas cabeças.
Crushing The Concepts tem cavalgadas quase Iron Maiden, confirmando a natureza de
absorção da Symphony Draconis de várias vertentes afunilando numa combinação
incrivelmente harmônica de música do obscuro. Por isso no final com Seeds of Evil ,eles terminam de forma
visceral e surpreendente (principalmente quando entra os violões), para que não
restem dúvidas onde querem chegar: ao lado negro do nosso coração e iluminá-lo
com a luz trazida do Dragão em Sinfonia.
G. Burkhardt
O
processo de composição do texto foi através de centenas de entrevistas com
pessoas que viveram e vivem a cena da música pesada em Pernambuco. É como um
grande contar de historia. Divertido em alguns momentos, com uma linguagem por
vezes direta e até popular, ( provavelmente para não perder a veracidade e
expontâniedade de algumas lembranças que as declarações trazem a tona). Faltaram
algumas bandas ou pessoas? Claro. Como todo trabalho dessa magnitude é
impossível contemplar 100% mais de 30 anos de história. Faltou por exemplo se
aprofundar no Gothic Metal e bandas que fizeram um razoável sucesso nos
palcos Recifenses. Mas, com certeza não existe trabalho similar e tão
completo como esse no Brasil. Retratando a cena, dando nomes ao gado e
mostrando que um estilo que se diz underground é feito por pessoas, por
guerreiros que na maioria dos livros de história passam anônimos e nesse livro
praticamente todos que ajudaram a fazer essa história foram citados. Uma grande
contribuição para a história da música no Brasil e quem sabe numa futura
tradução, para o mundo.
G. Burkhardt
HATE EMBRACE- SERTÃO SAGA-PE
Sertão Saga é um trabalho conceitual sobre a saga
de lampião. Sendo do nordeste-PE, a banda tem total credibilidade para conduzir
essa temática. Embora ao saber do projeto, alguns chegaram a cogitar que a
banda iria apenas repetir o que o consagrado trio Cangaço, já fez, a proposta
do Hate Embrace é outra e de muita
personalidade. Carregado de uma roupagem extremamente Death, a brutalidade
impera e os resquícios e influências nordestinas entram como coadjuvante e
nunca como atores principais. Existem 03 partes (Atos) narradas pela
pesquisadora Wanessa Campos, que carrega no nosso sotaque e a participação de Silvério
Pessoa na faixa Utopia trás uma maior
dose de nordestinidade, mas nem de perto flertando com world music ou algo
parecido. Inclusive Utopia arrepia e
até ganha roupagens melódicas fantásticas, dividindo o vocal com Adriano Forte,
vocal da banda Recifense Lethal Rising. Todo a parte lírica no disco se encaixa
muito bem com George Queiroz estreando como vocalista na banda. A prova que a brutalidade
encaixa em qualquer idioma é como a historia ganha mais credibilidade cantada
em português. Os teclados estão mais discretos, provavelmente para não
prejudicar a rispidez que o tema merece. A carga dramática que a banda
conseguiu carregar em todo o cd ficou foda. Uma verdadeira opera da obscuridade
que começa com pesadas palavras narradas, descamba para um hino chamado Vidas Passadas, um deathão em Intolerância, a bélica Revolta, e por todo o tempo quase claustrofóbico
o peso impera, culminando com uma peça bônus chamada “Sertão Dual”, composição
e interpretação feita exclusivamente para esse disco, do grande violinista,
também pernambucano, Sérgio Ferraz. De uma melancolia e tristeza que contrasta
tanto e ao mesmo tempo encerra o disco com a tragicidade que a historia
necessita. A produção ficou perfeita e vale destacar a parte gráfica com
desenhos a cargo do grande batera Ricardo Necrogod e a tecladista Tamyris
Daksha com exceção do desenho dos membros da banda, que ainda conta com
Alexandre Cunha no baixo e João Paulo nas guitarras. Depois de passear pelos
desertos egípcios do primeiro trabalho “Domination.Occult.Art”,
o Hate Embrace continuou sua saga
criativa na aridez de desertos nordestinos e espero que essa obsessão por
paisagens quentes os aproxime cada vez mais do inferno porque é com certeza do
inferno que saem os melhores Death Metals.
PRÖJJETO MACABRÖ – RUPTURA – PE
Segunda vez que o Punk do Pröjjeto
Macabrö aparece aqui no blog do Acclamatur. E mais uma vez repito: não esperem
limpeza, complexidade ou masturbação musical.
É hardcore na mais pura essência. A banda continua formada pelos irados Adriano
Onairda e Vando Sujeira. O cd tem menos de 30 minutos com aquele hardcore duro,
gravado totalmente ao vivo para ser “autêntico, mais cru e direto” segundo a
própria banda. E acho que conseguiram. São 18 mísseis que por um erro de
prensagem começa com a terceira faixa “Gritos dos Desesperados” e após a que
seria a 18º, Pilantras e Covardes, vem a, Mortos Vivos e Show de Horrores. Nomeadas
na contra- capa como 2ª e 3ª. Ufa, entenderam? Não precisa, aumentem o volume e
compreenda a proposta da “anti-arte”, da opção de não estar na mídia, nem no
mercado e fazer o que bem entender. Os tempos são outros e agora estamos em
dias de liberdade, porque as gravadoras afundaram e a independência que tanto
lutamos vai provar a veracidade de cada um.
G. Burkhardt
Em 1986 um som me chamou muito a atenção. Era uma porrada sonora que seguia uma linha mais hardcore, mas ao mesmo tempo tinha um quê da obscuridade de bandas de Metal mais toscas e por isso mais brutais.
A banda era o Armagedon de São Paulo. Logo adiquiri o vinil e passei a devora-lo diariamente. Na época jamais sonhei que quase 30 anos depois eu estaria em constante contato com a banda, principalmente com o fundador e guitarrista Javier Armagedon, através das redes sociais. E agora com muita satisfação e orgulho de entrevista-lo e dar oportunidade de bangers conhecerem uma das primeiras bandas que chutaram o pau da barraca e não se importaram se eram punks, bangers, o cacete mais. Apenas tocaram e tocaram muito alto.
-Primeiro, fale um pouco do início da banda, que expectativa vocês tinham e como vocês contornaram aquele pensamento de separação que existia na época entre punks e Metal?
JA- A banda começou sem muitas expectativas, o que mais queríamos na época era fazer um som e mandar a nossa mensagem. Ninguém sabia tocar nada, era tudo tosco, mas a gente foi em frente assim mesmo. Assim era difícil ter muitas expectativas, a banda sempre foi um lance muito mais pessoal do que visando algo. Lógico que com as músicas prontas batalhamos muito para divulgá-las pagamos um estúdio (Eldorado) e gravamos umas 14 músicas. Desta gravação, conseguimos participar do Ataque Sonoro. Com a participação na coletânea, começamos a ter mais repercussão no meio punk e ai começamos a pensar em gravar discos e etc... daí saiu a idéia do Silêncio Fúnebre. Em relação à separação punk e metal (aquela coisa idiota de ganguismo imbecil), nunca apoiamos essa merda, tínhamos vários amigos bangers e nunca participei de gangues. Muita gente não gostava muito que o Armagedom estava fazendo, mas e daí? Se quem quer fazer algo próprio for se importar com isso, a banda não vai durar dois dias.
-Contando com a fase que se chamavam “Última Chance”, são mais de 30 anos de banda. Chegaram a parar por algum tempo?
JA- O Armagedom faz 30 anos agora em 1984, o Última Chance começou no final de 82 e com o tempo e mudanças na formação decidimos mudar o nome para algo mais relacionado com as mensagens da banda. Paramos em 93 por uma série de problemas pessoais e retornamos em 99, quando o Claudinei entrou como baixista.
Página do Acclamatur com resenha sobre o "Silêncio Fúnebre |
- Vocês chegaram a ver na época, a matéria sobre o Armagedom publicada no Acclamatur em 1986, justamente numa fase em que bangers e punks só falavam em tretas?
JA- Eu nunca vi essa matéria, gostaria muito de ver principalmente porque muito do que foi publicado em relação à banda não chegou até nós...
*Na verdade o Armagedom apareceu duas vezes no Acclamatur, na coluna Scripturas no nº 02 e no nº 03.
- Hoje graças ao mundo virtual, estou podendo acompanhar mais de perto a banda e percebo que vocês estão tocando bastante. Houve um tipo de revival e formação de um novo publico com interesse no som do Armagedom?
JA- Acho que sim, em 97 quando o pessoal do Força Macabra entrou em contato comigo percebemos que a banda tinha deixado uma mensagem, uma referencia para muita gente, isso acabou nos animando a voltar com a banda. Eu fiquei muito feliz de poder por a banda para funcionar de novo e continuamos com o nosso caminho. Lógico que retornamos com a banda para produzir coisas novas. Por isso o Armagedom continua lançando discos e tocando material novo, tocamos sons antigos também, mas ainda estamos vivos!!!
-Você já tem várias experiência de tocar no exterior, principalmente na Europa. Onde você sente que o Armagedom é mais forte e se o público lá é misto ou formado só por punks ou admiradores do movimento?
JA- Eu não sei ao certo onde o Armagedom é mais conhecido no exterior, sei que fizemos shows muito bons na Finlândia, na Republica Tcheca, na Holanda, Alemanha, Espanha e França. Embora tenham muitos punks o público é misto.
- E vocês até tocaram com bandas que com certeza influenciaram muito o seu som, como Anti-Cimex. Como foi essa experiência e como essas bandas estão atuando na Europa hoje?
JA- Infelizmente nunca tocamos com o Anti Cimex, mas tocamos com o Riistetyt, o Terveet Kadet, o Apendix, o Kohu 63, Kuolema, Força Macabra, Makiladoras, BomebAlarm e etc... A experiência de tocar com essas bandas sempre é muito legal, geralmente as pessoas são legais e as bandas se respeitam muito.
-Assim como o Metal, o punk se dividiu em diversas vertentes (D-Beat, Raw...), para o público geral, fale em cada uma delas (suas características, etc.) e em qual você acha que o Armagedom melhor se encaixa?
JA- Hmmm... difícil, o Armagedom usou um termo no Silêncio Funebre em 86, era o deathcore, usamos isso como brincadeira porque o Onslaught tinha usado o Death Metal no disco deles e como fazíamos hardcore achamos que era legal. Mas o termo deathcore de hoje em dia é para uma bandas tão lixo comercial que não tem nada a ver com nada que paramos de utilizá-lo. Nós temos muito de hardcore, de metal, de d-beat, de stencthcore e etc... não sei definir com certeza... Armagedom é isso aí!! eheheh
-Sei que estão para lançar um split com o Nuclear Fröst. Quando sairá e qual o formato da mídia?
JA- Os detalhes do lançamento estão sendo fechados, acredito que saira até o final do ano. O formato será vinil, um EP de 7"
-Para finalizar, faça o seu comentário livremente e diga onde encontramos o material do Armagedom?
JA- O Armagedom está completando 30 anos agora em 94, estamos realizando uma série de eventos especiais para comemorar estes anos todos. Em julho estaremos tocando o Puntala como parte das comemorações e até o final do ano estaremos fazendo um show muito especial, para quem gosta fique atento que irá valer a pena!!
email: armagedom@hotmail.com web: www.armagedom.org fb: armagedom the deathcore
É bom e engraçado comentar um
livro onde você é citado em diversas páginas como um personagem da história e o
Acclamatur além de dezenas de citações ainda tem dedicado quase três páginas
falando sobre sua criação e sua influência.
Pesado, esse é o livro. Com ajuda da pesquisadora/ Socióloga, Daniela Ferreira, o grande
lance desse livro, foi te-lo dividido em 03 partes: Espaço, Som e Imagem. São 03
coisas fundamentais em se tratando de falar de Heavy Metal, pois poucos estilos
de música se tornaram tão complexos na sua compreensão.
Ao tratar do espaço físico como
colégios onde as pessoas se conheceram e
formaram bandas, os sebos e lojas que foram aparecendo e desaparecendo, os
bares onde se conseguia “rolar som”, vai se percebendo que a reunião,
aglomeração para ouvir e difundir a música pesada sempre foi um dos requisitos
para formar padrões e fortalecer o mercado underground. Nos capítulos que trata
do som, vemos as diversas e até complexas bifurcações que fez com que o Metal
criasse tantos subgêneros e como as diversas tribos surgiram. Em se tratando de
imagem o livro fala sobre os fanzines, os designes de capas, camisas, etc, as mídias
virtuais, os fotógrafos, ou seja: a formação
da estética visual, o registro histórico e novamente a compreensão da estética
do estilo.E um outro ponto positivo no livro são as quse 100 páginas de
imgens.Fotografias de shows, festivais, bandas em todas as épocas,imagens de cartazes de eventos
ocorridos no estado, imagens dos principais fanzines ( o Acclamatur comparece
em duas páginas inteiras), capas de discos feitos por designes locais. Um
arquivo de imagens que poucas obras conseguiram reunir.
O Acclamatur em uma das páginas do livro |
G. Burkhardt
DESTINY OLD DIE- FALLING IN
DISGRACE- REALIDADE ENCOBERTA- MALKUTH- PSYCH ACID
Costumo
sempre colocar aqui a importância de registros para que se conte a história não
só em forma de texto e sim também em forma de imagens. A atitude e empenho
desse grupo de pessoas que organizou esse evento chamado de 1º União Metal de
Pernambuco, é mais do que louvável. É inteligente. A produção na verdade foi
das próprias bandas que promoveram e tocaram nesse festival: Realidade Encoberta, Malkuth e Falling In
Disgrace.As outras duas convidadas foram a Psych Acid de Caruaru e a Destiny
Old Die de Jaboatão dos Guararapes (estreando nesse dia).
Atitude
inteligente também foi variar ao máximo os estilos das bandas a se apresentarem
atingindo assim um público mais heterogêneo não promovendo nichos que só dilui
o público que já está tão escasso nos shows.
A Destiny Old Die, que já foi resenhada
aqui no blog, faz um tradicionalíssimo Doom Metal, Falling In Disgrace um Death/Thrash também com muita ignorância,
a veterana Realidade Encoberta (também
resenhada aqui), ataca com um crossover fuderoso, Malkuth, também veterano, enegrece mais ainda o evento com seu
grande Black Metal e outro veião é o Psych
Acid com o mais puro Thrash Metal.
Cada banda aparece
com três músicas, o que deixou o dvd mais agradável e menos cansativo de ser
assistido. No fim, a receita rendeu uma noite de 26 de outubro de 2013 de pura
brutalidade.
Quanto à
qualidade das imagens é totalmente artesanal, com público passando na frente,
câmara às vezes perdendo a cena, tudo filmado e editado pelo Coletivo Meio de
Rua e a arte gráfica do dvd feita pelo baterista Hugo Veikon da Falling In
Disgrace. Ou seja, uma atitude “Faça você mesmo”, nos ensinada pelos punks
e é assim que se mantém a cena e o respeito por quem a faz. Mais uma vez eu digo:
material para fãs e para quem quer construir e participar da história. Parabéns
pela atitude, porque Underground funciona assim!
Surgido numa
velha terra, onde a mistura espiritual se confunde com a arte, a alimentação e
pensar de um povo, o Culto à Morte não poderia ser amistoso e sim sombrio e pesado
e pensado em 1987 por Paulo Lisboa, um sacerdote das seis cordas que
arregimentou a garganta de Eduardo “Falsão”, os tambores de Iaçanã Lima e o baixo
de Luciano que logo foi substituído por Ualson Martins.
Aprimorado o Culto e
determinados a mostrar que o Inferno é
Aqui, queimam os espíritos enfraquecidos com uma demo-tape de repercussões hediondas.
Logo que as mensagens foram compreendidas, convocam um novo arauto para as
vocalizações: Sérgio Ballof.
O novo
estandarte para guerra é carregado pelo selo Cogumelo Records e a profecia
agourenta de Nascer, Sofrer e Morrer cai como uma sombra em 1991 no primeiro
trabalho que mostraria que o Culto estava caçando as cabeças de espíritos fracos
e caçando as almas dos espíritos fortes.
Precisando
de mais impacto, já que estava tomando o país de assalto, arregimentou mais uma
guitarra nas mãos de Simon Matos e depois de dois anos longos de batalhas
tocando em noites ritualísticas onde os fracos eram Punidos ao Amanhecer, lançou mais um trabalho. Com Túlio Mineiro, agora,
dando o ritmo a guerra. Os princípios do Culto começam a ser seguidos e a serem ouvidos na velha e cansada Europa, com os dogmas da escuridão propagadas pelo
selo Black Water Records.
Mas nem
todos guerreiros-seguidores conseguem ir até o final do ritual do Culto. Túlio
é substituído por André Moyses e Uallson por Alberto Alpire. Tendo passado já
rápidos e, porém longos sete místicos anos, em vez de enfraquecer a horda,
fortaleceram ainda mais a filosofia anti-religião, o desprezo pelas autoridades
e ganância humana, que vão ganhados mais força no conteúdo das mensagens
disseminadas pelo Culto.
O peso aumenta e a sensação maior do mal no som, só
acrescenta mais certeza de que o Caçador procura mais Cabeças. Gravado dois
anos antes e lançado em 2000, como se preparando para uma extinção planetária,
o terceiro compêndio é lançado, profetizando que os Céus se Tornarão Negros e que a Idade
da Escuridão Virá como uma ave de rapina,na forma um velho e sombrio
Caçador de Cabeças, ainda mais raivoso e agressivo. Death Metal da melhor
estirpe que só O Culto poderia criar. Agora com Alex Mendonça nos graves, Fábio
Nosferatus na outra seis cordas e Thiago Nogueira nos ritmos. Alex, logo após o
lançamento do cd é substituído por Paulo Alcântara, mesmo assim retorna ao
grupo para depois sair novamente. Já tendo feito em 1996 uma homenagem ao
Dorsal no trabalho “Omnisciens”, tendo
reconhecida a sua importância e veracidade no submundo, participou com sua
áurea negra de mais quatro tratados em homenagem ao Morbid Angel, Possessed,
kreator e Sodom. Uma Igreja Quadrangular do caminho esquerdo, que realmente
levantou, fundamentou e glorificou o Culto ao Death Metal e que não poderia
estar mais bem representados do que pelos senhores Cultuadores da Morte.
Terminando o
ano de 2002 o baixo é domínio agora de Zulberto Buery e a bateria de Daniel
Brandão, que permanece por quase três anos. Próximos de lançar um novo tratado,
Daniel se afasta, mas nem por isso silenciaram os tambores que ritmavam a
batalha, porque Thiago Nogueira retorna para dar suporte na gravação de outro
extremo. No inicio de 2007 com Daniel Brandão na bateria e Igor Noblat nas seis
cordas substituindo Fábio Nosferatu o Culto parte para destruir a America do
Sul e fechando sete sagrados anos eles compreendem que Deus Envia o Câncer e possivelmente todas as doenças da mente que
levam os seres humanos ao abandono total de sua liberdade de pensar e agir. Ali
estava a verdadeira doutrina do Culto, numa simbiose de morbidez, densidade e
maduras citações anticristãs.
Firmado mais um plano de batalha, em 2010 os Arquivos Escuros do Culto da Morte são
abertos pelo selo Peruano Cryptsof Eternity,
propagando ainda mais a escuridão em
busca da luz luciferiana e fortalecendo o clã para numa Manhã Profana, em 2012, cuspir os dogmas, as letras negras, o som
perverso e raivoso que é necessário para que um Culto que propaga a Morte com o
verdadeira saída para a vida, caçe incansavelmente durante mais de 25 anos, as
Cabeças que não querem mudar, que estão crucificadas e derrotadas desde que
nasceram, pois nasceram de espíritos escravizados.
G. Burkhardt
ACCLAMATUR é : Guga Burkhardt & Nina Burkhardt
Diagramação e Ilustração das capas, colunas Videre, União e Contos Mórbidos: Guga Burkhardt
Agradecemos à todas as pessoas que estão conosco todos esses anos, não é preciso citar nomes, elas presentem quem são.
Bandas nos procurem!!!!!!
www.facebook/acclamatur
acclamatur@gmail.com
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